Conheça o ecossistema capaz de fomentar a ciência e gerar milhares de empregos
Tecnologia e inovação vem se tornando cada vez mais o objetivo central de diversas áreas empresariais do Brasil. O desenvolvimento desses tópicos causa transformações benéficas no cenário econômico brasileiro, gerando mais empregos e fomentando a ciência no país. Com isso, esses ambientes exercem uma importância fundamental por serem capazes de estimular uma mudança na cultura empresarial, incentivando que estejam sempre atentos e abertos à inovação. É desse modo que os Parques técnológicos desempenham um papel de fortalecimento e ampliação do conhecimento acadêmico em relação ao próprio mercado.
O conceito de Parques tecnológicos ainda é desconhecido para a maioria da população. No entanto, de acordo com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – Anprotec, são ambientes que buscam reunir empreendimentos voltados à promoção da ciência, tecnologia e inovação. Sendo assim, eles agem como centros de desenvolvimento com uma grande concentração de empresas de tecnologia, startups, laboratórios e universidades de ponta.
Para entender um pouco mais sobre a temática, tanto em âmbito mundial, nacional e regional, conversamos com a Adriana Ferreira, Diretora Executiva do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (CenTev/UFV), órgão que reúne o Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ), a incubadora de empresas, a Central de Empresas Juniores e o Núcleo de Desenvolvimento Social (Nudese).
O impacto dos Parques Tecnológicos
Em um primeiro momento precisamos entender que a construção de parques tecnológicos não é uma tarefa fácil de ser desenvolvida. Esses ambientes são empreendimentos muito complexos, pois envolvem um vasto volume de financiamento e infraestrutura, o que dificulta não só sua construção física, mas também sua construção burocrática.
Existem princípios básicos para que o projeto de um parque tecnológico saia do papel, esses requisitos são conhecidos como “fatores de sucesso”, e como o próprio nome diz, são esses fatores que dão a base para que o investimento seja bem sucedido. Sendo alguns deles:
- Forte base científica e tecnológica, mesmo que o parque não esteja necessariamente ancorado a uma instituição de ensino superior;
- Processo de governança;
- Cultura de inovação;
- Cultura empreendedora da região;
- Apoio do setor privado;
- Apoio do setor empresarial, entre outros.
Como funcionam os Parques Tecnológicos?
Os parques tem como objetivo alcançar um adensamento empresarial dentro de sua infraestrutura. Isso quer dizer que eles buscam trazer e desenvolver empreendimentos que trabalhem entre si e também junto com a universidade a qual estão vinculados, desse modo, conseguem promover a ciência que irá beneficiar a população e o país como um todo.
Desse modo, segundo Adriana Ferreira, a interação de empresas junto da universidade mais o apoio estatal é o que vai fazer com que a inovação aconteça. Os parques tecnológicos são um ambiente privilegiado com estrutura física e tecnologia de qualidade, que possibilita a abertura de empresas e auxilia no seu desenvolvimento para que elas alcancem novos patamares dentro de uma rede de inovação.
Parques Tecnológicos em âmbito mundial
Estima-se que existam mais de 1000 parques tecnológicos ao redor do mundo, sendo o primeiro, o parque de Stanford nos Estados Unidos, ou Silicon Valley, construído na década de 50.
Vale do Silício
O parque é muito conhecido pelos seus trabalhos com hardwares, algoritmos e por ter, sobretudo, desenvolvido grandes empresas do cenário global, como a Apple, Facebook, Google, Microsoft, Uber, entre outras.
Diante disso, sua importância para o conceito de inovação é imensurável, sendo reconhecido ao redor do mundo pela sua capacidade de geração de riquezas e empregos.
Xangai
O principal polo tecnológico da Ásia é o Zhangjiang High-Tech Park, localizado em Pudong, região chinesa famosa por ser um dos maiores distritos econômicos e tecnológicos do país, empregando mais de 30 mil pessoas.
Nele são realizadas pesquisas e o desenvolvimento de produtos nas áreas de fármacos, microeletrônica, informática e biotecnologia.
Tel Aviv
O Parque Tecnológico Gav-Yam Negev, mais conhecido como Parque Tecnológico de Israel, é localizado na região de Tel Aviv, próxima ao Mar Mediterrâneo, e vinculado à universidade de ponta Ben-Gurion University.
Seu ecossistema de inovação ficou em terceiro lugar mundialmente e a região de Tel Aviv ficou em oitavo lugar entre as cidades no novo Índice Global de Ecossistemas de Startups 2021, publicado pelo StartupBlink, centro de pesquisa em inovação de Israel.
Parques Tecnológicos do Brasil
São Paulo
Segundo dados do Distrito, o ecossistema de inovação brasileiro está majoritariamente concentrado na região de São Paulo, recebendo cerca de 65% dos investimentos em startups.
Com a virada do século XX, São Paulo se tornou o principal centro de desenvolvimento econômico do Brasil, o que facilitou para que multinacionais e empresas estrangeiras instalassem suas filiais na capital paulista. Dessa forma, a localidade começou a receber muitos investimentos relacionados a tecnologia e ao desenvolvimento cultural da inovação e empreendedorismo.
Minas Gerais
Dos 58 parques em operação no Brasil, 5 deles ficam em Minas Gerais, ocupando o segundo lugar. Como referência estadual, o Parque São Pedro Valley está vinculado à UFMG e é o que mais recebe investimentos, fortalecendo mais de 300 empresas incubadas.
Foi em sua capital, Belo Horizonte, que surgiu uma das empresas mais importantes do Brasil, a Hotmart, empresa de educação online, que atualmente está presente em mais de 200 países e possui mais de 7 milhões de alunos e vendas realizadas.
Polo Tecnológico de Viçosa: TecnoParq de Viçosa
Voltando nossos olhos para o interior de Minas Gerais, Viçosa faz parte da lista de cidades de grande importância relacionadas à cultura de inovação.
A princípio, o TecnoParq é considerado o primeiro parque tecnológico a entrar em operação. Foi inaugurado em 2011 e planejado dentro de uma tríade de empreendedorismo e inovação.
Segundo Andreia, “Somos um parque vinculado à Universidade Federal de Viçosa e lá no início dos anos 2000, nós tivemos a primeira incubadora de empresas do estado. A ideia era potencializar cada vez mais esse ecossistema de inovação da UFV. Com a incubação, as empresas entram e saem e a nossa ideia era auxiliar na criação dessas empresas, mas que elas possam ficar ali de uma forma permanente.”
Financiado pela Fapemig e seu recurso gerenciado pela Funarbe, o TecnoParq tem como objetivo central contribuir com o desenvolvimento econômico e social por meio da geração de novos empregos e renda de qualidade na cidade de Viçosa.
Com essa característica em foco, tiveram até hoje mais de 500 startups apoiadas, mais de 80 empresas incubadas, nas quais, 30 empresas ainda são residentes e geram em torno de 500 empregos de base tecnológica.
Visto isso, a Diretora Executiva do Tecnoparq reforça que foi a partir da experiência da incubadora nos anos 2000 que UFV criou o Centev, onde passou a abrigar a incubadora de empresas e o parque tecnológico que viria a ser criado. Formalmente na Universidade Federal de Viçosa, o projeto do parque é de 2006, quando foi oficializado, e a partir daí se iniciou a fase de prospectar os recursos financeiros, até 2011, para que pudéssemos receber as primeiras empresas.
Assim, para que o parque tomasse forma, foi doado pela união para a UFV uma antiga fazenda, que abrigava a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. Nesse local, havia um antigo prédio que estava abandonado, mas com um incrível potencial em virtude do seu vasto valor arquitetônico.
Logo depois, o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Paulo Tadeu, desenvolveu um projeto de restauração para o terreno e ali foram construídas as instalações físicas do Tecnoparq. “Esse prédio hoje é uma área de 5 mil metros quadrados que abriga as empresas de base tecnológica e temos também cerca de mais de 40 hectares de área que estão disponíveis para as empresas que desejam se certificar.”, reforça Adriana.
Os programas internos do parque
O Parque Tecnológico de Viçosa, desde de sua fundação, buscou desenvolver programas internos para um melhor aproveitamento por parte de suas empresas incubadas. Segundo Adriana, o parque visa desenvolver programas únicos e temáticos, que despertam um maior interesse e conexão com o empreendedor:
- Tecnoparque acelera: tem foco em trazer tecnologias para o Agro dentro de uma perspectiva do Agro 4.0;
- Forestry Side: programa da Sociedade de Investigação Florestal (SIF) que busca desenvolver produtos voltados à cadeia de valores do setor florestal;
- Inova Lácteos: feito com parceria com a Embrapa Leite, com o Polo do Leite em Juiz de Fora, a Universidade federal de Lavras e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e tem como objetivo produzir soluções dentro da cadeia de lácteos;
- Avança Café: programa que está indo para sua quinta edição e é feito com parceria da Embrapa Café e a Universidade Federal de Lavras, a ideia central gira em torno de produzir soluções dentro da cadeia do café.
- Programas de aceleração cruzada, Brasilesia: o Tecnoparq produz um importante programa de aceleração internacional, o Brasilesia. Ele tem como finalidade oferecer um programa de aceleração a startups e micro e pequenas empresas brasileiras e polonesas que possam auxiliar empreendedores que desejem explorar novos mercados internacionais.
Segundo Adriana, o parque busca constantemente expandir sua atuação em inovação em âmbitos nacionais e até internacionais. “Nós sabemos que tem empresas ao redor do planeta interessadas em vir para o nosso país e nós, particularmente, temos interesse em trazer essas empresas para o nosso ambiente.”
Agora que se entende um pouco mais sobre tecnologia e inovação por meio de ambientes como o Tecnoparq, é possível perceber a importância do investimento em iniciativas como essas e o potencial de impacto em nosso país. Dessa forma, espera-se que esses ecossistemas de inovação cresçam cada vez mais, e que se obtenha um retorno sustentável e vantajoso não só para ciência como também para toda população brasileira.
Para saber mais, acesse: https://centev.ufv.br/
Comment (1)
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